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Colónia Agrícola da Boalhosa

Os estudos para criar a Colónia Agrícola da Boalhosa começaram nos anos 30, mas a instalação dos primeiros colonos ocorreu 20 anos depois. Esta colónia localiza-se na Serra da Boalhosa, abrangendo baldios que pertenciam a aldeias integradas nos concelhos de Paredes de Coura, Monção e Arcos de Valdevez. A delimitação da área a utilizar foi sujeita a mudanças, que exigiram a conceção de vários projetos de colonização. 

 

No estudo prévio dos baldios da Serra da Boalhosa realizado em 1939, previa-se a divisão em três núcleos: Chã de Lamas, Chã do Real e Chã de Pipas. Em 1946, o projeto de colonização abrangia 1150 hectares, planeando-se a construção de 83 casais em quatro núcleos: Vascões, Concessão, Lameira do Real e Chã de Pipas. No início dos anos 50, foi apresentado um novo projeto, para uma área com cerca de 680 hectares e 68 casais. No projeto de 1954, os edifícios já surgem organizados em banda. 

 

É a partir desta concepção que, em 1956, os casais são desenhados para o lugar de Chã, na freguesia de Vascões (Paredes de Coura). Concebidos pelo arquiteto José Luís Pinto Machado, os casais têm áreas brutas de 156m2, sendo 66m2 destinados à habitação e os restantes para apoio às atividades agro-pecuárias. Aproveitando o declive do terreno, os pares de casas geminadas apresentam-se voltadas a Sul e organizadas em dois meios pisos. Visto do exterior, este conjunto arquitectónico principal acaba por dissimular os pátios cobertos e estábulos para bovinos que estavam directamente ligados à habitação da família. Estas atividades estavam complementadas com instalações autónomas para pocilgas, nitreira e espigueiro implementados no logradouro. Em 1960, os arquitetos António Trigo e José Luís Pinto Machado planearam a ampliação das dependências agrícolas dos casais, o que não chegou a ser executado. 

 

Uma revisão do plano de colonização da Boalhosa de 1964, reduziu o número de casais para 24. Mas o aglomerado residencial acabou por ser constituído por 30 casais. Entretanto, a conclusão das obras foi permitindo a instalação dos primeiros colonos. Em 1958 estavam ocupados 14 casais, com um total de 70 habitantes. Em 1973, apenas restavam 10 famílias. 

   

As instalações para usos coletivos não chegaram a ser concluídas. Na zona mais elevada foram construídas a escola e a casa do professor, ficando por executar a capela e o posto médico. O forno coletivo foi colocado na zona mais baixa do aglomerado, enquanto o edíficio da assistência técnica (armazém, escritório e casa do guarda) está um pouco mais afastado do conjunto.

 

Os campos envolventes estavam dedicados à produção de batata, cereais e pastagens. A reorientação desta colónia para a agro-pecuária, aproxima-a do que se praticava no Alto Minho e reflete as tendências da época de incentivo à produção de produtos pecuários. Os técnicos da JCI incentivaram essas mudanças e a mecanização das tarefas. 

 

As dificuldades de fixação dos colonos, as tensões com as aldeias vizinhas e as condições de exploração da terra continuam a ser recordadas, mas para a maior parte dos residentes atuais já não fazem parte do quotidiano laboral ou familiar. A escassa utilização dos campos e as alterações dos casais, que passam pela transformação das dependências agro-pecuárias na residência, refletem essas mudanças. Se os habitantes deste aglomerado alguma vez se reconheceram na designação de Colónia Agrícola da Boalhosa, atribuída pela JCI, tal já não acontece: hoje residem em Chã de Lamas.

 

 

    

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