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Colónia Agrícola do Barroso

A Colónia Agrícola (CA) do Barroso foi desenvolvida entre 1943 e 1946. Está implantada em baldios retirados a várias freguesias dos concelhos de Montalegre e Boticas, recortados em planaltos entre as serras do Gerês, Larouco, Leirando, Alturas e Cabreira.

 

Tendo em conta as distâncias e aptidões dos solos, a JCI estruturou esta Colónia Agrícola  em sete núcleos: Veiga de Montalegre (20 casais), Aldeia Nova do Barroso (45 casais), Criande (31 casais), São Mateus (10 casais), Vidoeiro (9 casais), Fontão (6 casais) e Pinhal Novo (10 casais). Dos 134 casais projetados foram construídos 130, verificando-se que em 1959 havia 739 habitantes, residindo em 125 casais. Nas décadas seguintes, acompanhando as tendências gerais do êxodo rural, a fixação das famílias foi ainda mais incerta. 

 

Com exceção de Fontão e Pinhal Novo, onde cada casal tinha 24.5 hectares (15 ha de floresta), nos restantes núcleos cada um recebeu em média 16 hectares (6 ha de floresta). O plano de exploração estabelecia que os colonos cultivassem batata, centeio e utilizassem o lameiro (regadio) para pasto de bovinos ou produzir forragem e milho. Estas eram, afinal, as opções produtivas já habituais por Terras de Barroso.  

 

O projeto inicial previa que Aldeia Nova do Barroso e Criande, que estão próximos, recebessem os principais equipamentos coletivos. Todavia, apenas foram construídos a capela, o posto da GNR e a escola de Aldeia Nova e a escola em Criande. Talvez porque, em finais da década de 1940, o plano passou a ser concentrar esses equipamentos num local entre estes dois núcleos. Nesse centro social surgiram: armazém, edifício de assistência social, escritórios de assistência técnica, pousada e habitações para assistentes técnicos, regentes agrícolas e professoras. 

 

Nos restantes núcleos, sem água canalizada em casa, construiu-se um chafariz – lavadouro. Em Fontão e Pinhal Novo ergueram-se também fornos coletivos, porque as casas não incluíam forno para cozer pão. Na década de 1950, por exigência dos colonos, a JCI construiu alguns equipamentos em outros núcleos.   

 

Os projetos dos casais da CA do Barroso da década de 1940 deverão ser do arquiteto Eugénio Corrêa (ainda que não estejam assinados), sendo que os do Fontão e Pinhal Novo (década de 1950), foram construídos seguindo o plano que o arquiteto Maurício Trindade Chagas concebeu para a CA do Alvão. Em 1951, o arquiteto Celestino de Castro desenhou o mobiliário para os casais do Barroso, Alvão e Pegões. 

 

Tal como se verifica na CA de Pegões, nos casais da CA do Barroso a habitação e as dependências agrícolas concentram-se num edifício único, incluindo o pátio coberto,  também como na CA de Martim Rei. Os núcleos menores, com exceção do Fontão, organizam-se à volta de uma área central agregadora com o equipamento coletivo, mas a disposição dos núcleos maiores segue o sistema de ruas e travessas. A mesma organização existe também na relação entre o centro social, núcleos principais  e  núcleos satélite referenciando desta forma um vasto território.

A materialidade regionalista e a qualidade construtiva perduram até hoje, mesmo em ruínas, com as paredes em granito eximiamente aparelhado. A racionalidade orgânica da implantação de cada núcleo também continua a marcar o território, como ensaios rurais da “Carta de Atenas”. 

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